quarta-feira, 8 de julho de 2009

Trabalho em Equipe: a dificuldade em lidar com o outro reflete a falta de conhecimento sobre si mesmo.

Bem, tenho realmente pensado muito sobre os ganhos relacionados ao Trabalho em Equipe e o quanto o compromisso de pessoas com o mesmo objetivo pode realmente fazer toda a diferença em qualquer atividade produtiva. Falando assim me parece óbvia tal constatação, mas de alguma forma, temos recorrentes problemas em torno desse assunto e a necessidade de se formar pessoas com perfil de equipe parece não cessar nunca. De alguma forma, somos melhores tecnicamente do que somos em nossos relacionamentos. Nunca se falou tanto em educação e também nunca se investiu tanto em educação corporativa. As maiores e melhores empresas do mundo não investem tanto na educação de seus colaboradores a toa. Mas, afinal, o que estamos fazendo com essa educação toda se a dinâmica de se conviver com outros, na realização de projetos em equipe, continuamente se apresenta conflituosa? Parece que a educação para o relacionamento está fazendo falta, não numa perspectiva de fora para dentro, mas de dentro para fora. Como assim? Explico.

Relacionamento! Essa palavrinha traduz o sucesso ou fracasso em inúmeras situações, pessoais e profissionais, em diferentes famílias e empresas ou culturas diversas. Ironicamente não conseguimos viver sós, mas temos enormes dificuldades para estar junto. Tais dificuldades se expressam no lidar com as diferenças e esquecemos que tais diferenças é o que nos impulsionam a sermos melhores. Então está na hora de repensar nossa postura frente ao conhecimento aprendido e começar a relacionar, intimamente e humildemente, esse conhecimento com nossa personalidade. O que quero dizer é que devemos fazer uma conexão constante dos aprendizados e experiências vividas com o nosso eu verdadeiro.

Você deve estar se perguntando: Mas o que isso tem haver com equipes? Simples: é na dinâmica de equipe que você conhece a si mesmo e, conseqüentemente, é através dela que você tem contato com seus próprios obstáculos, dificuldades pessoais supremas, de forma impactante. As reações frente as dificuldades são as mais diversas e, na maioria das vezes, gera mais problemas do que soluções. Veja, por exemplo, algumas características que equipes altamente eficazes possuem:

1- Comunicação eficiente e agradável
2- Compromisso das pessoas com os objetivos
3- Compromisso das pessoas com desenvolvimento do outro
4- Oportunidade de se aperfeiçoar constantemente
5- Habilidade em enfrentar situações delicadas e de conflitos
6- Bons valores
7- Caráter

Pois bem, como compartilhar tais características se um tom de voz pode despertar uma agressão ou um silêncio perpétuo? Com quais compromissos me vinculo independente dos meus interesses pessoais? Como me deixar aprender com o outro, se não posso demonstrar fragilidade ou insegurança? Como compartilhar valores se a minha decisão é a que deve ser acatada? Como me desenvolver livremente, utilizando de todo o repertório de conhecimentos e experiências, a serviço da inovação e criatividade se tenho que lidar com a desconfiança generalizada? Percebe-se assim que a dificuldade do trabalho em equipe remete-se diretamente ao auto-conhecimento de todos os membros e, esse processo de auto-aprendizagem, ocorre em tempos e de maneiras diferentes para cada uma das pessoas, o que exige de todos um respeito particular por esse processo. Esse respeito somente é alcançável se nesse processo houver espaço para a humildade de aceitar, de esperar e de ceder, sem receio de perder, de se rebaixar ou desaparecer.

Partimos agora dos maiores problemas que envolvem as equipes de trabalho para perceber o quanto as características pessoais, de humildade e respeito, estão presentes em todas as situações.

1- Reuniões improdutivas
2- Reuniões produtivas, mas somente as reuniões o são
3- Rivalidade entre equipes
4- Confronto de personalidades
5- Comunicação ineficiente
6- Liderança falha

Exemplificando com comentários dos itens apresentados: “Nunca existe pauta para as reuniões!!”, “Muito se fala nas reuniões, mas pouco de faz”, “A concorrência entre equipes destrói a qualidade do meu trabalho”, “Nunca se entende o que o outro deseja”, “Aquela pessoa é muito difícil de lidar”, “A chefia não faz nada a respeito”, são situações onde falta o aprendizado sobre si, o conhecimento desse nosso eu, juntamente com o exercício da humildade e do respeito. Se tivermos coragem para procurar em nós aquilo que somente enxergamos no outro, talvez seja este o melhor caminho para o exercício pleno e gratificante do trabalho em equipe.

Somente com essa “dura” jornada de aprendizado, tanto técnica quanto pessoal, rumo a uma maturidade individual é o que vai permitir o desenvolvimento de uma equipe altamente eficiente, pois somente desprendido de preconceitos, medos e inseguranças, é que se pode compartilhar experiências de forma genuína, utilizando uma comunicação eficiente, pronta, aberta e direta e, ao mesmo tempo, simpática, sem correr qualquer risco, ou melhor, correndo o risco de se tornar cada vez melhor – melhor profissional, melhor pessoa.

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